quarta-feira, 14 de novembro de 2012

Aqui vai um desabafo...






Quando era mais nova, uma professora minha disse-me: “A menina vai sempre longe demais no que respeita à análise de textos, cinja-se ao que lhe é pedido”. 

As minhas interpretações tinham não só que ver com o que o autor queria transmitir  o que nos obrigavam a escrever, mas também com o que eu achava aplicável à vivência do mesmo – que nem sempre era tão taxativo como o que vinha nos livros. Enfim, era um bocadinho autodidata! Mas não é isso que é também elemento de uma boa “interpretação”? Para mim uma boa interpretação não se prende apenas com o que a vista alcança, mas sim com a capacidade de aferição e apreensão do que se passa nas entrelinhas.

E este precalço aplica-se à minha vida quotidiana. Ainda ontem, estava a conversar com uma amiga sobre os desfiles Primavera 2013 

(NÃO PERCAM O TREND REPORT PRIMAVERA 2013 NOS PRÓXIMOS DIAS). 



Falou-se de uma das mensagens transmitidas no desfile de Chanel: moinhos eólicos cravados pela passerelle, igual a, energias renováveis: a necessidade que o Mundo tem de investir nas fontes de energia renováveis em detrimento dos combustíveis fósseis, a crescente preocupação com o meio ambiente, nomeadamente com o aquecimento global.





Até aqui tudo bem.




Mas depois chegámos à exuberante coleção de Sara Burton para Alexander McQueen, inspirada nas abelhas e nas colmeias. Primeira linha de raciocínio que me surge: cintura marcada (de abelha/vespa), os recortes em forma de favos de mel (recortes - tendência Primavera 2013), chapéus que fazem alusão à apicultura… Tudo conjugado de uma forma maravilhosamente exuberante, característica de Alexander McQueen.

Mas não poderíamos aplicar este conceito ao que se vive actualmente na Europa, por exemplo? A crise. O facto de precisarmos de trabalhar para um bem maior (não, não sou a favor dos termos como tudo está a ser tratado).

Se a Moda sempre foi um espelho da sociedade porque é que não o seria agora?  

Se em tempos de crises anteriores as bainhas subiram, as meias foram retiradas e a maquilhagem poupada, porque não poderiam os criadores das grandes casas dar mostras do que se vive hoje no nosso Mundo?

Estarei a “ir longe demais” outra vez, ou devo mesmo ir?

Ufa.



Muuakk*

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